O ex-governador Jaime Lerner falou aos deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Pedágios na manhã desta terça-feira (1º), na Assembleia Legislativa. Lerner disse que o pedágio foi resultado de um planejamento estratégico desenvolvimentista, que buscava especialmente a interligação entre as rodovias que cortam o estado, e que formaram o chamado anel de integração. “Percorri todos os municípios do Paraná. O Estado precisava oferecer condições de logística e infraestrutura. Existiam buracos na pista, não havia sinalização e muitas pessoas estavam perdendo a vida nas estradas. O escoamento da nossa safra também estava comprometido por estes problemas”, afirmou.
Na avaliação do ex-chefe do Poder Executivo, o Paraná foi pioneiro neste modelo de concessão, inclusive aprovado pela população na sua fase de implantação. Na época, ressaltou, o Estado precisou se valer das condições econômicas desfavoráveis e buscar alternativas para o desenvolvimento. “Era muito mais fácil não fazer nada. Mas entendo que o homem público precisa assumir responsabilidades. E naquela época, o programa de concessões de pedágio era escasso. Por isso pagamos o preço hoje pelo pioneirismo”, avaliou.
Sobre os contratos e os aditivos, feitos em 2000 e 2002, o ex-governador disse que buscou readequações com as empresas para que os valores praticados fossem menores. Em razão disso, foi necessário baixar unilateralmente o preço da tarifa, fator que motivou diversas demandas judiciais, inclusive contra o Estado, por parte das empresas. “Reconhecemos que naquele momento precisávamos reduzir a tarifa. E não foi com fins eleitoreiros, porque o desgaste inerente ao pedágio nós já tínhamos assumido. O governo resolveu reduzir unilateralmente para forçar a redução efetiva das tarifas Evidentemente que a situação de hoje é muito diferente daquela época. E aí houve em seguida um contingenciamento dessas discussões na justiça”.
Legado – Para Lerner, o trabalho da CPI poderá ser muito importante para a atual conjuntura envolvendo o pedágio e para o atual governo. De acordo com ele, é preciso que as obras previstas aconteçam. No encontro com os parlamentares, ele ainda relacionou alguns pontos positivos no modelo de concessões promovido pelo seu governo. “Foi feito aquilo que era e tinha de melhor. Se há algo a ser corrigido hoje, esta comissão pode contribuir. Nunca imaginei o pedágio. Imaginei sim o anel de integração. Mas pare ele acontecer foi desta forma. Como consequência disso houve a recuperação de rodovias. Quantas vidas foram poupadas? Quantos estudantes puderam se formar? Quantas empresas vieram para o Paraná? Quantos empregos foram gerados? O anel de integração possibilitou que as cidades ficassem a menos de uma hora dos pontos estratégicos, de bens e serviços. Tudo foi feito para beneficiar a população e promover o desenvolvimento”.
Na opinião do deputado Wilson Quinteiro, as explicações à CPI foram produtivas."A participação de Lerner foi muito importante, pois além de atender as expectativas da população,a Comissão pode esclarecer alguns fatos quanto aos contratos das concessionárias", falou.
Fonte:Alep
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